Valizas - Uruguay - Foto de Zélia Siqueira
Sim, aquele futebol de várzea que reunia toda a comunidade nos fins de tarde de domingo;
onde as famílias se socializavam e as moças ensaiavam seus namoros discretos. Reinava, naquele ambiente, uma singeleza alegre.
A pequena
menina, com sua bandejinha coberta com um pano rendado tão branquinho como a cor
das cocadas de coco, que vendia no futebol de várzea, gritava: Olha o doce,
sinta o doce que adoça a alma... Mas quem tinha a alma dulce, era ela, e nem notava.
Mal sabia que o que adoçaria sua própria alma, eternamente apaixonada, era o
futebol de várzeas. Foi quando começou a jogar com seus irmãos e primos. Mas
logo descobriu os livros, e acreditou que através deles podia voar. Alçou voo mundo afora. E num
eterno voo rasante, continua descobrindo futebol de várzeas, em secretos jardins, que nenhuma copa iguala.
Em Valizas,
fronteira com o Cabo Apolônio, a cena que se revela, já anuncia que onde há
futebol de várzeas, se tem os melhores em campo. Quem sabe os campeões. Em terras
onde a democracia é um imperativo; onde há liberdade; homens e mulheres
conscientes; por si só já são campeões do mundo!
E viva Pepê e viva a democracia.
E viva Pepê e viva a democracia.
Zélia Siqueira – formada em jornalismo (FAESA) e artes (UFES), é fotógrafa, escritora, poeta e pintora.