sábado, 30 de junho de 2018

"Sou do Tempo que o Futebol era um Esporte Coletivo".



                                                                                 Valizas - Uruguay - Foto de Zélia Siqueira



Sim, aquele futebol de várzea que reunia toda a comunidade nos fins de tarde de domingo; onde as famílias se socializavam e as moças ensaiavam seus namoros discretos. Reinava, naquele ambiente, uma singeleza alegre. 

A pequena menina, com sua bandejinha coberta com um pano rendado tão branquinho como a cor das cocadas de coco, que vendia no futebol de várzea, gritava: Olha o doce, sinta o doce que adoça a alma... Mas quem tinha a alma dulce, era ela, e nem notava.

Mal sabia que o que adoçaria sua própria alma, eternamente apaixonada, era o futebol de várzeas. Foi quando começou a jogar com seus irmãos e primos. Mas logo descobriu os livros, e acreditou que através deles podia voar. Alçou voo mundo afora.  E num eterno voo rasante, continua descobrindo futebol de várzeas, em secretos jardins, que nenhuma copa iguala.


Em Valizas, fronteira com o Cabo Apolônio, a cena que se revela, já anuncia que onde há futebol de várzeas, se tem os melhores em campo. Quem sabe os campeões. Em terras onde a democracia é um imperativo; onde há liberdade; homens e mulheres conscientes; por si só já são campeões do mundo!

E viva Pepê e viva a democracia.



Zélia Siqueira – formada em jornalismo (FAESA) e artes (UFES), é fotógrafa, escritora, poeta e pintora.