domingo, 23 de julho de 2017

Comunidades Quilombolas do ES, memórias e abandono


A situação dos Quilombolas do Estado do Espirito Santo vem se agravando a cada ano. Alguns anos atrás, com os avanços nas áreas sociais, de 2003 a 2015, houve ganhos por parte dessas comunidades. Com a crise instalada, com o golpe, os efeitos sobre essas comunidades são visíveis.

Para piorar mais a situação, um fenômeno tem afetado as áreas em que vivem essas comunidades: a desertificação.

Preocupado com o futuro das áreas, em situação de desertificação, Fábio Ribeiro Pires, professor da UFES, afirma que as monoculturas praticadas de forma errada e o pastoreio excessivo, diminuem a capacidade que a terra tem de filtrar a água. E que os moradores dessas comunidades não têm dinheiro para “perfurar o lençol freático”, diz ele. Quem tem dinheiro tem uma situação diferente, porque pode pagar para fazer a perfuração.

O apoio do governo Federal e Estadual, é uma coisa que essas comunidades não recebem nesses últimos dois anos.

Se não bastasse o abandono por parte do poder público, essas comunidades sofrem com a violência policial, como aconteceu na comunidade São Domingos, no norte do Espírito Santo.

Estamos programando uma exposição sobre a situação das mulheres nas comunidades Quilombolas do Estado, com o foco na riqueza de suas histórias, de suas memórias, transmitidas através das gerações, mas que na “realidade atual perdeu a faculdade de escutar”, como diz a profa. Sobreira.  

A minha exposição pretende mostrar essa memória e sabedoria das mulheres mais velhas das comunidades quilombolas, apresentadas através de signos linguísticos simbólicos.

Para um outro momento temos projeto para um documentário sobre a situação dessas comunidades, que vêm se agravando nos últimos vinte quatro meses, devido a violência sofrida em suas diferentes formas, sem que o poder público tenha, nas esferas Estadual e Federal, contribuído em coisa alguma para melhorar a situação dessas comunidades do Estado. 

Zélia Siqueira – formada em jornalismo (FAESA) e artes (UFES), é fotógrafa, escritora, poeta e pintora.

Um comentário:

  1. Uma situação triste. Espero que as autoridades ajudem a minorar esse problema. Pelo bem da presente e das futuras gerações.

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