sábado, 13 de maio de 2017

Paraty





Da janela observo pássaros a voar em cantorias, rumo aos montes.

Lá fora, borboletas desenham cores sobre o manto verde. Uma mais adiante, com enormes bordados alaranjados sob as asas, circundadas por linhas negras, é seguida por mais duas em tons alegres. Uma de um amarelo claro e outra de um azul anil, com matizes dourados.

Enormes borboletas festejando o fim das chuvas.

Eis que o lírio branco as recebem ofertando o seu perfume gratuito e natural. Enquanto que elas dançam radiante entorno dessa bela flor, dos meus secretos jardins... "Jardins das delícias"... Bernadette Lyra.

E com os primeiros raios de sol, após a tempestade que trouxe tormentas ao povo, infindas flores desabrocham nos bosques desse caminho onde percorro. E traz oferendas perfumadas, sobretudo à alma humana que ainda chora as perdas irreparáveis da tragédia.

O perfume que delas exalam atrai a vida. E a vida, "não pesa mais que a mão de uma criança", escreveu em seu poema, Drumnond, para dizer sobre o peso suportável do mundo.

Ouço um canto novo, um canto de esperança da vida que sorri lá fora... e liberta o ser da escravidão da dor.






Zélia Siqueira

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